Bem fazia muito tempo que eu não passava perto de uma mesa de cirurgia. Sim essas mesas grandes que a gente fica lá deitado. Recebe anestesia, etc. E tinha que ser logo aqui né? Eu claro ao contrário do que a onco
psicologa pensa tava me borrando de medo.
Minha primeira e única cirurgia foi retirada de amígdalas e adenóides aos 10 anos. Que não chega ser grande coisa, perto da atual situação. Fui com a cara e a coragem. Fiz os exames pré operatórios nas semana anterior. Sexta-feira já estava tudo prontinho, ECG, RX do Pulmão, exames de sangue(que já fiz tantos que acho que to doando para vampiro) além o laudo do internista(um médico que especializado em risco cirúrgico). E na segunda-feira me internei.
Pra começar na segunda-feira tinha mais mulheres se internando na onco-clínica feminina do que a geral do Maracanã em dia de clássigo do fla-flu. Claro que estou exagerando mas a rotatividade do Brustambulanz e da internação é alta. Até por que a quimioterapia é feita no hospital e a gente pernoita. Na internação a gente recebe uma fita com um código de barras para colocar no pulso, um cardápio para escolher nossas preferências alimentares. Por refeição são 3 menus. Para quem conhece os hospitais públicos brasileiros parece até um hotel 4 estrelas ou um albergue de ótima qualidade... No AKH são quartos triplos, duplos e individuais esses últimos é cobrado taxa extra. Com vista paa Viena aquecimento e cada 2 quartos dividem uma cabine com pia e vaso sanitário, e uma outra cabine com a ducha que éu acho que só eu uso. Além de um armário com a roupa de cama e camisolas. Dentro do quarto uma cabine para trocar de roupa com uma pia enorme e só para a mulherada fazer sua higiêne íntima. É um tal de mulher acordar e ir de nessessaire e toalha para a cabine, uma coisa me chamou atenção umas luvas de TNT bem espessas que ficam nessas cabines. Na verdade a única que tomou banho neste período fui eu. Por que aqui todo mundo faz sua higiêne lavando as partes mas sem tomar banho o que para brasileira é complicado entender e fazer.
Após preencher e assinar alguns documentos. Tem uma visita médica, onde eles, mais uma vez nos explicam como será a cirurgia. Logo ao meu lado na fila tinha uma moça de 53 anos que aguardava a sua vez apreensivamente, sua cirurgia era uma mastectomia total. Ela estava tão irritada que me surpreendeu. A minha cirurgia seria na terça-feira mas a médica faltou por estar doente e aí fiquei pererecando pelas clínicas para fazer os exames de estadiamento. Que eu nem sabia que estava fazendo, e sempre com contrastes. O primeiro uma Tomografia dos órgãos internos o contraste reage em 5 miutos e dá uma calorzinho. Depois uma cintilografia óssea onde a gente toma o contraste radiotivo antes e bebe muuuita água para eliminar. No dia seguinte eu tinha que colocar um arame no seio que seria operado e fazer uma outra mamografia. A gente sai com esse arame pendurado no peito. É uma marcação para indicar ao cirurgião onde está e o quê ele deverá retirar. E depois de tudo isso um jejum a partir da seis da tarde, após o jantar para a cirurgia. E eu já estava nervosíssima por que uma as colegas de quarto já haviam sido operadas. Por coincidÊncia uma era a senhora que aguardava a vez na fila, e a outra uma jovem senhora(;)) de 47 anos, magra, desportista, que só comia alimentos naturais. Retirara um tumor menor que o meu sem metástases, e estava na segunda cirurgia para retirada de uma área de segurança. O que aconteceu também comigo.
terça-feira, janeiro 24, 2012
domingo, janeiro 08, 2012
Annie Lennox - Why
Eu adoro essa canção, foi lançada em 92, a primeira vez que ouvi foi em 95, e de lá para cá jamais parei de ouvir. Adoro o Album dela. Realmente fantástica e lá se vão muitos anos.
Engraçado é que agora ela representa muito para mim, por que para mim ela me lembra muito da questão da minha autoestima, a imagem de Annie Lenox se maquiando para sair de uma situação díficil é muito forte agora. Mas a canção sempre foi linda para mim mesmo que o momento não tenha sempre o mesmo motivo que é falado na canção, sempre há um momento que nos perguntamos o por quê das coisas.
Engraçado é que agora ela representa muito para mim, por que para mim ela me lembra muito da questão da minha autoestima, a imagem de Annie Lenox se maquiando para sair de uma situação díficil é muito forte agora. Mas a canção sempre foi linda para mim mesmo que o momento não tenha sempre o mesmo motivo que é falado na canção, sempre há um momento que nos perguntamos o por quê das coisas.
O caminho para o tratamento II
Ao chegar ao hospital para marcar a consulta a atendente deu uma amarrada, e perguntou por que eu precisava da consulta. Eu simplesmente olhei para ela e disse com todas as letras: eu tenho um diagnóstico de Câncer de Mama. Não tem nada positivo nisso, mas eu percebi que as pessoas, por aqui, respeitam mais a situação e encrencam menos com você. O povo aqui tem a mania de prender a roda para coisas pequenas. Não sei se é por chatice, por falta do que fazer ou por que ele são assim chatos mesmo. Mas eu já tava mesmo com o diagnóstico, as imagens e então marquei a consulta. No dia que fui atendida o médico olhou meu resultado, as mamografias, perguntou qual das duas mamas, leu a biopsia em portugues, disse que não era clara e pediu uma nova punção com marcação de consulta dali a 10 dias. Eu fiz a biópsia com uma radiologista que anestesiou a região com o maior cuidado, e em seguida puncionou o tumor. O médico havia me dito que ele precisava saber algo mais "interessante". Coisas como: origem, tamanho, grau de malignidade, o tipo de tumor coisas que o resultado não dizia. No caso o resultado dizia que era um carcinoma dutal, invasivo, o nome do descobridor e que era grau II. Mas isso não dizia o mais importante o que gerou esse carcinoma.Dez dias depois com consulta marcada eu fui à consulta morrendo de medo. Tão ansiosa que cheguei às 11 para a consulta que era às 12:30. E ainda reclamei a longa espera hehehehe. Ao ser atendida a médica foi muito rápida. Eram três pessoas no atendimento, uma enfermeira, uma psicologa e a cirurgiã que ia ali dizendo tudo. A psicologa olhando a minha cara com um monte de folheto na mão. E escrevendo tudo no computador. O que se seguiu foi meio engraçado. Por que até este momento eu ainda arrumava minhas malas, para voltar ao Brasil. Já fazia trÊs semanas que eu tava aqui, duas semanas da confirmação do resultado e tudo muito confuso na minha relação com o docinho. E ai tudo foi rápido, fui chamada, minha amiga a me acompanhar, achei engraçado entrar na sala com tanta gente, elas me puseram sentadas e começaram bem rápido. A doutora disse, olha o resultado da biópsia saiu, é um tumor maligno dutal e invasivo, tem entre 10 e 12 mm, é originado por hormônio. E o Grau dele é, deu uma paradinha e disse: grau 3 é dificil é de uma agressividade mediana mas todos os nossos paciente tem encontrado a cura, eu respirei fundo e ela disse: o seu é grau I, cresce devagar e não é muito agressivo. Eu até então tinha a respiração presa. A Psicologa me olhava fixamente esperando eu desmoronar. Eu abri um sorriso e disse OOOOOKKKKKKKKKKKKKKKK... Daí ela disse e nós vamos lhe operar... quando pode ser... e aí eu naqauela de nossa preciso pensar não é assim... e aí minha amiga disse não tá tudo bem quimioterapia, mas disso vou voltar a falar depois quando eu falar sobre a cirurgia.
O caminho para o tratamento I
E tem outro jeito?
Não mesmo! A questão é enfrentar.
Ao receber o resultado uma amiga escreveu o email para mim assim:"Olha não é uma notícia excelente, mas tá tudo sobre o controle!"
e o resultado tava lá... Carcinoma Ductal invasivo...
Carcinoma esse era o nome da pedra no meu sapato. Eu tinha ido para Viena ver uma tal troca de relógio de gás no apartamento, do docinho, e acabei ficando por lá. Era o último dia de verão. Já que eu não sabia o que aquilo significava aproveitei para sair com duas amigas e ir almoçar por que eu sabia que seriam como eu já disse tempos inquietantes.
Uma amiga que mora aqui e teve câncer de mama novinha, pouco mais de 20 anos, disse que meu resultado não era tão ruim. E que poderia ser que o meu caso fosse parecido com o dela. Até então para mim a palavra câncer era um substituto para pena de morte. E acho que para muita gente é. Ela me disse eu tive o mesmo que você e talvez não seja preciso quimioterapia. E explicou o caso dela que foi parecido com o de muitas pacientes.
A primeira coisa que pensei ao chegar em casa no sábado e dizer ao Franz, o resultado era, quero voltar para casa agora. A coisa já tinha ficado pesada por causa das férias no Brasil que foram para mim super difíceis e ele não facilitou nada. Se comportou de forma infantil. Nem vale falar sobre o assunto por que de verdade eu fiquei bem magoada, e as atitudes infantis me deixaram muito amargurada. E claro não dá para viver com alguém que passa o tempo todo reclamando das coisas e se fazendo de mais importante do que realmente é.
Além de tudo eu já havia decidido voltar ao Brasil, após o semestre de inverno, em fevereiro. Então um semestre ainda nem iniciado me deixava no lucro além da possibilidade de voltar a trabalhar que para mim foi a primeira pergunta que fiz a mastologista quando ela disse que parecia sim um câncer e pré-existente a bastante tempo.
A questão toda era comprar a passagem e chegar rápido ao Brasil para iniciar o tratamento. Eu já buscava passagens e arrumava malas com uma amiga veio até aqui em casa e a outra me ligou via skype e disse, tem um hospital aqui perto da minha casa que tem uma clínica ginecológica com um ambulatório de doenças de mama. Ela disse vamos ouvir uma segunda opnião. Amanhã você irá comigo a minha médica e pegamos um encaminhamento para lá. O que fizemos na segunda-feira seguinte. Mas por causa de um problema com o meu cartão que havia vencido desde junho e eu nem sabia acabei tendo que voltar no dia seguinte. Embora minha amiga tenha levado o resultado da biopsia brasileira e conversado com a médica. O que foi bem animador. E já fez a indicação para o hospital universitário daqui de Viena, AKH, que tem um ambulatório de doenças de mama com pesquisas bastante avançadas.
No dia seguinte lá estava eu de volta, com o cartão do plano de saúde e problema resolvidos, ela me deu a guia, fui direto para o AKH marquei a consulta para o dia seguinte.
O começo do recomeço...
Oi pessoal, tô de volta.
Depois de muito pensar resolvi voltar a escrever. Tenho passado por momentos inquietantes após minhas férias no Brasil. Essa inquietação eu quero contar a vocês, não por exibicionismo, mas para ajudar ainda mais a ilustrar como é passar por esta situação em outro país. Que é o motivo desse blog. Além de ter também um lugar para poder reclamar na minha língua. Que é sempre bom e me ajudar a passar este tempo.
Estive do fim de junho a meados de setembro no Brasil. E lá muitas coisas aconteceram, fui com meu marido docinho que tornou minha viagem quase impossível.Resultado eu passei 80 dias em um estresse monstruoso.
No último mês de viagem eu fiz uma batelada de exames, o foco na verdade era alguns miomas, não me adaptei a ginecologista daqui que queria logo na primeira consulta retirar meu útero, sem nem me convidar para jantar nem ter uma conversinha esclarecedora. E como eu estava no meio de uma mudança(2010) louca de apartamento que mais uma vez o docinho me enlouqueceu, esqueci de fazer a mamografia, que então deixei para em 2011 no Brasil.
E aí foi descoberto um nódulo, que todas amigas achavam que era mais uma vez o golpe do "nódulo BIRADS IVC", um índice moderado de suspeição de malignidade para tumores. Foi uma correria da moléstia, não sem ter mais estresses e uma montoeira de discussões com o marido austríaco que estava se achando o imperador da cocada preta no Brasil. E o um terrorismo feito pelas ginecologista, mastologista, que diga de passagem era simpatissíssima mas pareceia uma Barbie. Com direito a cabelinhos escovado para fora e unhas longas pintadas na cor pink. Lembrando que foi minha primeira mamografia, de lá pra cá já fiz umas três, e nem foi tão incômodo como diziam. Não tinha feito a tal mamografia por que completei os 40 anos aqui. E nunca achei um nódulo palpável em nenhum dos dos seios.E sem contar que nenhum médico após examinar minhas mamas me encaminhou para uma mamografia embora a minha ginecologista tenha teimado comigo. Além de que, eu não tenho nenhum caso de câncer de mama na família, não que seja conhecido.
Fiz uma punção e voltei para Áustria. Uma volta conturbada para Viena, sentada no último assento do avião. Com um cara reclamando da viagem sem me deixar dormir. Seguida de um vôo Londres/Viena com turbulências longas. Diga-se de passagem que aquela máxima que os brasileiros dizem "quem tem änus tem medo", para não falar palavrão, foi comprovada com os passageiros de várias nacionalidades que enquanto o avião chacoalhava por vários minutos em turbulÊncias, seguravam com carinho seus orificios anais. E eu que segurava o meu por um motivo mais sério. TEntava, e consegui, dormir.
Ao chegar rezava para a biópsia não ser o que se pensava. Fui até ao seu Valentim, lá no Gama, que é um médium que faz operações invísíveis. Fui por causa dos Miomas por que até então o resultado da biópsia não havia saído. Fui dois sábados seguidos. E acho que ajudou bastante. O meu diagnóstico.Que infelizmente foi comprovado com um Carcinoma, ductal invasivo, grau II. Que depois de ler descobri que a maioria dos Câncer de mama são do mesmo tipo que o meu. Bem antes de começar a contar a minha odisséia a vocês eu devo dizer que estou bem, já operada com a mama preservada, e no início do tratamento da quimioterapia que serão apenas 8 sessões. Muita coisa tem acontecido algumas engraçadas, outras tristes de observar em pacientes que fazem o tratamento no mesmo hospital que eu.
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