sexta-feira, janeiro 30, 2009

Constrangimentos Morais I

Há dois anos eu cheguei a Viena. E fiz poucos amigos na época. Um dia conheci uma moça que me passou uma impressão triste. Alguém que estava passando por algum problema. Para mim parecia que ela não andava mais sim era carregada. Tinha o semblante triste e uma ligeira irritação. Embora tenha me causado uma ótima impressão. Um dia ela ligou para chamar para ir a uma cidade próxima com ela uma viagem curta. Talvez se sentisse sozinha, ou talvez precisasse mesmo de alguém para conversar. Eu infelizmente recém chegada a Austria não quis incomodar e recusei o passeio. Não foi por nenhum tipo de antipatia.

A questão é que eu não me senti a vontade para já naquele momento fazer um passeio com alguém que eu conheci a pouco tempo. E, como sempre, mesmo ganhando pouco eu que sempre fui muito independente no Brasil, não gosto e nunca gostei de ficar pedindo dinheiro a pai, mãe ou marido. Maridos sempre perguntam: "para que você quer dinheiro?". E os austríacos sempre arrumam uma forma de comprovar que aquilo que você quer adquirir é dispensável ou desnecessário ou você já tem. Em tempos de crise acho até lovável. Mas como mulher e ser humano ser tolhida do direito de adquir algo ou ter algum dinheiro para gastar com meus alfinetes. Tem nome: violência monetária.Disso quero falar em um outro post. Embora eu não passe por isso eu aprendi bem o que é. Está catálogado entre as muitas violências que a mulher pode passar.
Como se dinheiro não tivesse um único fim custear prazeres Como se fossêmos jogar por algum bueiro. Gastá-lo todo em drogas. Ou comprar coisas exorbitantemente caras. Eu até acredito que tenha algumas mulheres que sim o façam. Não é o meu caso nem o de muitas outras mulheres que conheço. Então recusei para não incomodá-la e nem me incomodar. E segui vivendo.
Voltando ao caso da minha amiga.Sempre trocávamos mensagens. Até que um dia por razões que a vida não explica, mas a espiritualidade sim, enos reecontramos. E iniciamos uma grande amizade. Tomamos café pelo menos a cada quinze dias.Num desses dias ela me contou todo o problema que havia passado naquela época. E eu me senti muito envergonhada. Eu um antes de vir para a Áustria passei pelo mesmo problema.
Naquela época ela passava por uma situção extrema e constrangedora em seu trabalho. E poucas pessoas sabiam. Eu me senti envergonhada por não ter ajudado e apoiá-la. Pois situações assim são constrangedoras, limitantes, encapacitantes, os amigos se afastam, e ninguém acredita. A gente só passa a acreditar na força negativa de um constrangimento moral no trabalho quando passamos por ele. A maioria das empresas não praticam e uma minoria delas posuem grupos de ajuda para as vítimas, ou ainda um comitê que atue contra isso. Eu falo mesmo de assédio moral. Algo que mina a vida das pessoas e que no Brasil é muito comum.

O engraçado que naquela época eu via em minha amiga algo que a fazia sentir mal. Mas eu não tinha intimidade suficiente para perguntar a ela. Hoje graças ao bom Deus ela trocou de emprego e está muito bem. Infelizmente, para mim, sem a minha ajuda. Eu poderia ter ajudado mais. De qualquer forma eu deixo aqui o link em português para áqueles que precisarem esclarecer dúvidas ou mesmo denunciar. http://www.assediomoral.org/ E àqueles que não acreditam que exista, leiam e se informem e, principalmente, evitem comportamentos assediadores como os já descritos no site.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Gisele

Vi o seu link no blog da Lulu e passei para conhecer. Vida de imigrante nao è facil ne?

Voltarei mais vezes, gosto de acompanhar as aventuras de Brasileiras na Europa.

Um abraço,