quarta-feira, julho 01, 2009

O Brasil Real

Ontem o plano real completou 15 anos. Eu lembro que a 15 anos eu acordava para ir a universidade ainda morando na 214sul em Brasília, ouvindo o Pedro Malan, então presidente do BACEN, e futuro ministro da era FHC. Eu ficava imaginando como seria aquele homem com voz sedutora que explicava o plano tão bem. E que eu entendia tudo. Por que até então a gente meus pais recebiam pagamento e iam direto para o supermercado . A discrepância da inflação era tão absurda que no maleiro da minha mãe se achava em vez de toalhas de banho, fardos de arroz, açúcar, feijão, etc. Naquela época meus pais compravam aqueles pacotes de açucar e farinha de trigo que são vendidos para padarias. Meus pais compraram um freezer em 1987 para congelar carne, que era muito cara. Uma vez tivemos uma infiltração no banheiro que ficava do lado do quarto da minha mãe. E ela perdeu boa parte da sua dispensa. Seria cômico se não fosse trágico.Mas era a realidade.
Em 1987 eu cantava no coral e desisti de uma viagem ao méxico com o coral da Universidade, por que minha mãe teve um furunculo no pescoço horroroso, eu dotada de um medo de avião absurdo aproveitei a para usar como desculpa e não viajei. Me arrependi. Os membros do coral, conseguiram um preço razoável, por que cantávamos em bares restaurantes para divulgar as apresentações e que cantávamos em casamentos, batizados, formaturas. A coisa era difícil à época. Em quantas colações de grau já cantei? Perdi a conta. Mas a verdade que no fim das contas eu não conheci Tenoxticlan, nem o vale das pirâmides mexicanas. E na volta aqueles que haviam financiando em 12 vezes gastavam mais com a passagem para ir pagar a parcela no banco do que o a própria parcela... é isso era inflação. Mas ao mesmo tempo eu que tinha conta em banco na época podia aplicar no overnight. Outra situação absurda! Imaginem um bolsita aplicando dinheiro no over, recebendo juros semanais era em torno de 25%, ou mais?
A questão é que nós brasileiros tivemos várias mudanças de moeda. Eu teho 40 anos. Vivo a 15 anos com o real, se não no Brasil pelo menos fazendo câmbio, e não lembro quantas moedas existiram.
Vou tentar
Cruzeiros Novos(NCr$), já era provisória, pois quando eu nasci tinha havido no ano anterior uma reforma pelo recém governo da ditadura. Até 1970.
Depois quando eu me entedi por gente já eram Cruzeiro de novo, sobreviveu até 1986.Lembram do Barão de Rio Branco, o inventor do Jogo do Bicho, nas cédulas de Cr$1000? Tinha até um bordão:Lá vai barão.Pareciam uma cartinha de baralho. Para quem gosta de numismática o nome das cartas, ops..., cédulas da série do barão eram formato cartas de baralho mesmo. E as notas de 100 com o Floriano Peixoto foram fabricadas na Inglaterra... Era dinheiro importado bem caro. Vai ver por isso não deu certo.
Em 86 Veio Cruzado(Cz$) que durou apenas três aninhos. E as notinhas eram tão bonitas. E aí teve mais uma mega-hiper-super-desvalorização do cruzado em 1989. E ele virou, não riam por favor, Cruzado Novo.
O Cruzado novo(NCz$), esse só durou um ano, vai ver o problema era com o nome, cruzado que para mim valia o mesmo que a gíria carioca "tá amarrado" o que se faz com um dinheiro cruzado. Cheque você só pode depositar e o dinheiro então???...
E aí acho que deu saudade de novo do Cruzeiro. Que voltou...
O cruzeiro era um cover da edição anterior. Durou a se chamar Cruzeiro Real que durou de 1993 a 1994 quando o Malan invadiu minha casa com sua voz aveludada e inteligente, entusiasmada (que quase dizia:esse vai dar certo) para falar de uma reforma monetária. E aí eles criaram uma unidade de conversão chamada URV que valiam 2750 cruzeiros reais e do pãozinho ao apartamento, o que se tivesse que fazer tinha que ter esse número na cabeça. E nós brasileiros conseguimos. Com salários congelados, metas de inflação, corte de gorduras, apertos de cintos,dolar controlado, cambios flutuantes, bandas, viés, taxas selics e etc... Bem conseguimos segurar.

O mais interessante é o tanto de moeda que tivemos, o tanto que tivemos que fazer de conversão, sem calculadora e tudo de cabeça. E o bom é que de um momento para o outro paramos de fazer todas as conversões, pensar em moedas e estrangeiras e nos dedicar apenas ao Real, já no segundo ano ninguém falava em nenhuma moeda antiga, nenhuma unidade conversora...NADA! Mas os austríacos que viraram em 2000 com o Euro, até hoje ficam pensando em Shillings, fazendo conversões. E já se vão 9 anos... Isso sim é saudosismo...

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