terça-feira, abril 22, 2008

Sendo seguida

Depois que o Sol-depois de cinco meses de inverno é assim com S maísculo- resolveu aparecer, botei meu cabelinho para fora. Com a peteca black power é impossível colocar uma touca, boina, chapéu ou o que valha, e sair com o cabelinho incólume.

Fiz minha petequinha linda e fui pegar meu ônimbus. Cheguei em Viena, saltei e fui andando do ponto de ônibus ao ponto, que fica em frente a Ópera e fui em direção ao Burgarten,eu ia a biblioteca. E aí começou uma sequência de homens me seguindo durante duas semanas que não consigo entender. Acho que homens austríacos, turcos, nigerianos, europeus, gostam de mocinhas rechonchudas de cabelo esquisito e ... Saberá Deus.

Esse dia foi a primeira vez que o sol saiu de com força e coragem. Eu pasei pelo Burgarten e a galera já estava ali se fotossintesiando. Não os culpo seis meses sem sol é muito tempo, ficam todos assim meio verdinhos, mas zumbi mesmo são os drogados da Karlsplatz que usam um remédio para dormir que é efervescente um valium da vida e passam na boca... Fica assim um azul esverdeado que juntando ao aspecto chapado com aqueles capuz sobre touca, e olhos embodados de drogas e schnaps fazem eles ficarem parecidos a morto vivos. Eu lamento muito isso por aqui. Mas eu estou me distanciando do assunto assim como faço quando estou falando. Voltemos...

Eu estava no Burgarten ao celular com um amigo, enquanto o gramado estava cheio de rapazes sem camisas, mostrando seus o torsos branquinho, e mocinhas ainda de camisetas. Ao lado mocinhas de camiseta com um ensaios de lacinhos de biquini por baixo e axilas não depiladas não depiladas. Desliguei meu celular pus no bolso e meu Gotan Project no ouvido quando ouvi:
- Willst du Kaffe trink mit mir?
- Hein?
Pensei... mas disse
- Bitte?(por favor)
- Willst du Kaffe trink mit mir?
Meu Deus ele quer tomar café comigo. Mas eu não bebo café, minha mãe me fez prometer que não falo com desconhecidos, já tenho namorado e não gostei do tipo. Fala sério!
Era um senhor bem mais velho que meu namorido, com um bigode imenso como um daqueles otomanos de desenho animado, e com metade da cabeça branca. Resumindo não era Sean Conery, não era o Robert Hedford, nem era o Rutger Hauer, muito menos um Indiana Johnes quer dizer nem Harrisson Ford.
- Quero não moço.
- E Por quê? perguntou insistentemente.
Bem esse diálogo a mim pareceu interminável...eu disse sou casada ele disse é só um café... e eu pensei não vou com sua cara... e minha mãe não quer que eu fale com estranhos...
Mas o problema é que por aqui os homens são um tanto quanto insistentes. No Brasil quando me cantava não passava da cantada. Aqui eles vão mais longe.

De outra feita outro, dessa vez um africano feio, nada dos sonhados deuses de ébano, me viu conversando com uma amiga e me seguiu. Literalmente... Eu o tratei com desprezo, por não ter gostado da atitude. Ele não se tocou. Pediu meu telefone. Fui grossa: não dou meu número de celular para qualquer um. Mas ele não se tocou e disse: tá bom eu te dou o meu! E anotou e disse, vou ficar aguardando sua ligação... quero ser seu amigo. Mas quem disse que eu quero ser amiga dele?

E o terceiro, me seguiu na estação de metrô, aqui chamada U-bahn. Desci para pegar a linha U-4 quando eu ia para a aula na universidade. Olhou para mim piscou mandou beijinho e disse:Du bist Schöne foi um elogio. Mas de uma forma tão estranha. E ele era parecido com o primeiro. Eu ignorei, o trem chegou e eu entrei. Sentei no banco atrás do condutor no primeiro carro. Já havia uma moça sentada e um rapaz. Sentei frente a moça e amarrei meu tênis. Quando levantei a cabeça lá estava o cara sentado entre a moça e o rapaz. Eu pensei que ele era muito insistente. Levantei e fui para o lado oposto do carro. Saltei duas estações após entrar no trem, o cidadão saltou do outro lado olhou para mim, eu fechei a cara e segui em frente. Ele claro pegou ele andou na direção oposta a minha talvez para pegar o trem no sentido oposto.

Mas eu jurei ao meu namorado que se acontecer de novo vou fazer um barraco, chamar a policia e ainda talvez enfiar o dedo no meu nariz...Mas isso ele diz que talvez não seja legal, pois homens normalmente põem o dedo no nariz e isso pode o estimular... Pode?

Mas isso por aqui é realmente esquisito. Parece qua quando o sol sai a galera entra no cio. Eles não agem normalmente como se estivessem ficado no escuro... Minha mãe diz que é o clima quente. Vai saber...Não gostei disso não.

domingo, abril 13, 2008

Peteca Blackpower.

Eu tenho um penteado bem peculiar que minha mãe chama de peteca. Cabelo amarrado no alto da cabeça. Como sou negra o cabelo, claro não é liso, então ele fica assim parecendo uma peteca. Só que agora ele cresceu e cresceu e cresceu. Não corto por que morando na Austria os dias de frio preciso de cobertura na cabeça e as orelhas cobertas. De peteca não vai ter touca que vai conter todo o poder do Black Power.

Primeiro dia de sol, peguei o cabelinho molhei hidratei ativei os cachos e mandei ver: amarrei no alto da cabeça. E voilá... pronto para a rua.

Surpresas, entre os austríacos desinformados muitas crianças debochara do meu poder. Outros se surpreenderam. Velhinas de laque passaram por mim balbuciando "Das ist schöne" outros torceram o nariz pela minha coragem.

É isso aí, é Primavera na voz de Tim Maia, e eu não preciso mais de tocas.
Quem precisa?

Segue o testo publicado na revista Raça na edição 86, em maio de 2006.

"Quem já passa dos 40 anos sabe que, nos anos 70, quanto maior era o black power mais seria respeitado pela turma. O primeiro famoso a assumir o pixaim foi Toni Tornado, depois Tim Maia. Ambos haviam morado nos Estados Unidos por um tempo. A atriz Zezé Mota conta que, em visita àquele país, na época, deparou com os negros usando cabelo natural, voltou para o hotel e enfiou correndo a cabeça debaixo do chuveiro e sentiu como se fosse uma libertação. A onda pegou tanto no Brasil que virou símbolo de modernidade não só para negros. Jô Soares, Marcos Paulo, Roberto e Erasmo Carlos (cantores), todos usavam. Até que, em meados de 1974, Paulo César, jogador do Flamengo e da Seleção Brasileira, inovou, colorindo o black de caju. Ganhou até o apelido de Paulo César Caju. O black dos anos 70 tinha o corte bem definido. Era cortado com precisão. A moda atual é deixar o cabelo crescer sem corte, sem definição. Alguns homens, por exemplo, texturizam os fios para os cachos ficarem mais soltos. Nesse caso, os cabeleireiros indicam gel como manutenção para maior fixação. Já para os que possuem cachos naturais, o ideal é usar leaven-in para evitar o ressecamento dos fios"

Use e abuse do Black Power

Suporte da Era medieval

Helpdesk Medieval. Incrível como eles conseguiram fazer uma super analogia.
Curtam!

Le Building

Uma animaçãozinha para nos divertir.

Primavera entre os dentes.

O que me incomoda agora é essa primavera que dizemos ter chegado, mas tudo entre os dentes... Nem um pouco decidida... Por que embora agora o termometro acima dos dez graus Celsius, de vez em quando foge e voltamos a proximidade do zero. Que aliás é bem reconfortante saber que não chegaremos às temperaturas negativa. ...Talvez. Mas brasileiro gosta mesmo é de sol. E reclamar do tempo faz parte em qualquer nacionalidade. E afinal aprendi a ser "immer rauzen Menschen", aqui. Ao pé da letra é ranzinza. Sabe aquele povo que tá sempre reclamando, do tempo, calor, do frio, da chuva do sol, acordar cedo, tarde. Tá bom eu já era assim, mas esperniar no Brasil é diferente, a gente esperneia por coisas sérias. Aqui é por micharia. E agora eu esperneio pelas pequenas micharias. Tipo falta de padaria 24 horas, Shopping center fechar as 7 da noite, sinal que abre para você tem um cara que veio do outro lado da rua e fica te pressionando para atravessar logo com o motor acelerando, os immer raunzen do mercado, dos produtos com validade a vencer... Tudo isso dão posts futuros.

Outro dia minha mãe perguntou pelo Voip:
-E aí filhinha chegou a primavera? Está mais quente?
E eu me senti obrigada a responder:
- A prima Vera tá indecisa, e nem diz quando vai chegar... Fica assim nos ameaçando dizem que hoje ou amanhã esquenta a chapa daqui de Viena, mas até hoje nem uma mensagem SMS dizendo: "Prima*! Chego Hoje!". Eu juro que eu ia pessoalmente dar-lhe as boas vindas no Aeroporto, sem casaco e touca e cachecol.

Mas o problema é justamente esse. Nós brasileiros não sabemos o que é alternação de estações. Na verdade essa porcaria de estações é só para a gente não sofre o choque térmico direto do calor para o frio, e versa e vice. Sou obrigada a dizer, me adaptei muito bem a brasília noites frias, dias quentes. Detesto calorão, sempre tive alergia a sol. Fico com bolhas brancas nas dobrinhas como bebês... As roupas me incomodam e ficar nua não resolve. Um friozinho de vez em quando tem o seu valor. Mas esse negócio de 4 meses de temperatura abaixo de -5 é um pouco de abuso.

Eu só sei que tenho dedinhos no pé quando tomo banho. E graças a Deus faço isso todos os dias.
Pernas? Vivem cobertas. Aliás muito bem cobertas. O austríaco daqui de casa só põe a ciroula quando dá -5 com neve no nariz. Por medida de saúde mas sentir frio ele não sente, mas fica correndo pela rua para tudo. Eu se pudesse sairia vestida como austronauta. Eu descobri como se emagrece nesse mundo... Vista pouca roupa no inverno e corra para fazer tudo. E claro sem aqueles casacos de pena por dentro você parece bem mais magro. Mas é só comparação.Mas é bem verdade que na HM, Zara, e Ikea onde vou para apenas observar, morro de calor, mas faz parte. E assim lembro a pátria amanda Brasil.

Mas a Primavera já chegou. Não aquela que conhecemos. Mas a daqui. Vamos aos poucos desligando os aquecedores. E o sofrimento vai começar. Ventilador aqui é caríssimo
. E acho que o povo faz suicídio coletivo dentro do forno residencial abaixo das telhas de zinco. Como aquele verão francês de 2003 que morreram 3000 no calor. Ninguém merece.

Mas agora eu entendo a música "Primavera entres os dentes!" dos Secos e Molhados. Essa daqui está muito entre os dentes.

Não vou reclamar não. Por que na passagem da primavera para o verão do ano passado teve uma chuva de granizo do tamanho de um Sonho de Valsa, e eu havia acabado de chegar em casa. Fico imaginando a quantidade de hematoma que eu teria pelo corpo se tivesse pegado essa chuva que não foi apenas uma vez, mas teve repetição mais umas duas vezes no ano passado. Sabe Deus o que me espera. Esse ano já teve neve em Londres, enchente no nordeste. E tem tabloide michuruca sensasionalista dizendo que esse é o Verão da ameaça terrorista por causa da Eurocopa. É a imprensa marronzista que Odorico falava.

Deixa para lá... vou ali vestir o casaco e abrir a janela.

*Foi um trocadilho que fiz com ela pois tenho uma prima chamada Vera, mas que jamais pensa em sair do mundo carioca quanto mais vir a Europa, quicá Viena. Tá certíssima ela.

Há muitos anos no túnel do tempo...

Minha amiga Luísa(entre outras e não vá ficar lisongeada lulu) disse que eu deveria voltar e escrever por que ela acha que o que escrevo tem o meu estilo. Não creio ser verdade pois muitas vezes não consigo passar meu deboche, meu sarcársmo, e trocadilhos pseudointeligentes, Enfim minha veia ruim que tanto desejo em meus desabafos e deboches para com a terrinha em que vivo neste momento e todas as outras coisas que observo no meu mundo.

E hoje me surpreendi com a data do meu ultimo post. Muuuuuuiiiiiiiiiiittttttooooooooo tempo atrás... tanto que nem consigo lembrar. Como diria o Vídeo Show... Diretamente do tunel do tempo.
Mas a verdade é que eu criei o bloguete, bitte não confundão as sílabas... sic...hehehehe achei que o "bitte" fica legal ali... Bem umas duas estações para trás. Pois, outono e inverno é tão entediante que nem escrever consigo...

Mas aí Lulu to de vorta na área... Se derrubar e penalty... Mas para mim é gol que não gosto desse negócio de dúvida, e não entendo lhufas de futebol, e detesto perder tempo com futilidades.

Mas digo que vou tentar escrever mais coisas sobre mim nesse país. o qualpasso um tempo de exílio (in)voluntário. Prometo! O problema é que além da Autoestima(a minha com A maiúsculo e ela tem nome) extra-inflada que algumas pessoas acham absurda, e costumam chamar de arrogância. Deve ser mesmo. Mas minha amiga Lulu sabe que o meu senso de autocrítica é tão grande quanto a autoestima. O que é exatamente o que permite meu humor azedinho. Pois eu rio de mim mesma, em primeiro lugar. Gente como eu, quando se autoestima, é arrogante. É o que a história social, cultural, e intelectual e racial, do terceiro mundo e outros mundos conta.

Eu também tenho preguiça de corrigir meus posts, e depois vejo um monte de coisa errada não corrijo, preguiça, e morro de vergonha da piora do meu português que foi o motivo de orgulho e de anos de pagamento de colégio particular para meus pais. Eles diziam que valor do Marista aparecia quando eu abria a boquinha e dizia: paralelepípedo, em tempo atuais seria inconstitucionalíssimamente... mas acho que hoje as crianças na escola devem saber dizer: Crise-do-mercado-imobiliário-americano-subprime! E explicar. É o mundo da copetitividade! Pena que ainda não tenho filhos, eu incentivaria a fazer da escola algo que não fiz, um lugar menos entediante com professores que só dão bola para um exame vestibular que na verdade é só o início dos nossos problemas. E não preparam ninguém para a vida e aceitar mais facilmente outras realidades beeeeemmmmm diferentes da nossa realidade tacanha pobre e bla bla bla bla... lembro me muito das veias abertas da américa latina ensinadas por um professor que não foi meu... Era um livro famosíssimo, há 20 anos no tunel do tempo, talvez mais. O que interessa é que o pobre substituía a um outro pobre demitido ou adoentado, sei lá. E, com essa visão antitotalitarista não pegava nem um pouco bem, num colégio católico apostólico Marista, em Brasília, cheio de filho de ,em tempos de fim de ditadura. O pobre foi demitido. Bem verdade meus pais nunca tiveram muito tempo para reclamar. Primeiro que essas idéias revolucionárias nunca chegaram lá em casa, o professor que era um gato e eu ficava invejando as meninas das outras seis turmas que tinham aula com ele. Hoje ele é casado com uma das meninas da escola que já é balzaca como eu. Bonito? Melhor não comentar. Mas parece que ainda mantém a veia revolucionária de outrora, talvez em retiro. E segundo por que meus pais tinham problemas para resolver e essa coisa de ficar vigiando escola já é um pouco demais,né? E fui assim crescendo... Ainda hoje eles pensam em dizem: Eu não sei a quem você puxou, ou com quem você aprendeu isso! Devíamos ter vigiado mais aquela escola... O problema é que eles não sabem o quão entediante era... Ai ai... Escola é um tédio total. E eu e minha mente fantasiosa mente fertil cresci em um mundo paralelo que pertencia a Mafalda, Almanaque Dysney e Pernalonga. Sem contar a turma do Zé Colmeia, Calvin e Asterix. Sem contar as coletâneas para Gostar de ler,, os livros do Cony, do Sabino, os Cem anos de solidão que li no tranco, comecei tres vezes, esse é um post aparte. As músicas do Gil, Caetano, os Clubes da Esquina.O tédio da tentativa de dominação religiosa por encontros de jovens que o objetivo era fazer nos chorar. E vc quer fazer por Status. Paga uma grana vai para uma fazenda cheia de lama para ouvir falar de Deus. Em um tempo que tudo que voce quer mais é um Sorvetão na praliné seguido de Cinema no Shopping. Coitada da minha mãe... E cada vez que passa descubro mas tédio em minha vida adolescente...

E agora vejo.Eu estava enganada. To preparadíssima para o tédio europeu, lugarzinho chato esse aqui. Nada no noticiário. Nem assalto a banco é sério! No máximo uma karanbolage de 70 carros no fim do inverno... Com morte de 1 e 60 ferimentos leves... Nada igual a uma Pascoa nas estradas brasileiras. E o povo aqui reclama da vida. E eu também.

Mas do que eu falava??? Ah Sei lá... mas prometo que escrevo.

Fui.

PS.: Revisem os erros aí, valeu?*


* Paráfrase de Romário nem tão conhecido pelas bandas de cá.