sexta-feira, janeiro 08, 2010

Photoshop ou não photoshop

Bem essa discussão de "Photoshop" ou não Photoshop é um ponto muito simples para se discutir. Por que na verdade sempre existiu retoque nas fotos das modelos que apareciam nas revistas. Só que antes o trabalho era inglório, feito pelos fotógrafos, ou pelos ampliadores que são os caras com quem muitos fotógrafos trabalhavam. Um fazia as fotos e o laboratorista tratava. Lembro que nem 88 quando fui fazer meu primeiro curso de fotografia a gente também aprendia fazer máscaras, melhorar a luz, tirar pintas ou melhorar, pequenas rugas de expressão da modelo com o uso da máscara. Quem estudou fotografia sabe disso além da trucagem com foto, filtros de efeitos tudo que existe com a tal Edição digital. Sem contar a foto-edição com uso de fundos diferentes que eram depois sobrepostos em fundo infinitos e etc... Em 93 antes do império "Pphotoshop", leia-se foto edição digital, uma famosa modelo e apresentadora na época exigia ter não pelo menos 17 pontos de retoque em seu corpinho para cada foto publicada, por que ela não gostava de tais coisas. Então essa coisa de colocar cabeça em outro corpo já existia. Só que os caras bons que sabiam fazer a coisa direito é que faziam.

Acho que o pobre photoshop só facilita o que os fotógrafos e relevadores faziam com ferramentas reais, em vez das digitais. O problema dessa virtualização da imagem real. É que qualquer um pode fazer, desde um designer formado com mais de 10 anos de experiência em photoshop como eu :) ao garoto que fez um curso de webdesign e aprendeu a usar o photoshop. Só que esse cara nunca entrou em um laboratório. A idade dele talvez seja a mesma do photoshop e acha super legal essa plastificação das pessoas. E aprendeu com um cara também que nunca pisou num laboratório e acha feríssimo usar efeitos no photoshop a torto a direito. Eu considero isso um pouco de terrorismo visual. As pessoas se tornaram refém dessa estética vazia e não diversificada. E para falar a verdade de certa forma tem seu lado bom. É tanta edição que a mulherada esperta vai ter sossego. Não vai precisar mais fazer o tal regime. Criaremos o photoshop holográfico o qual carregaremos sob nossa pele. Qualquer coisa a gente ativa a ferramenta e edita automaticamente aquelas gordurinhas do nosso corpo. E aquele vestido que super na moda, embora horroroso e só tem bom caimento em cabide das Fashion Weeks vão nos cair perfeitamente bem.

Chaplin já fazia sua piada com as ferramentas de ediçao ou efeitos especiais do cinema como naquela cena na qual o Carlitos corre do policial parado em frente ao cilindro. Quer dizer defeitos e efeitos especiais existem desde os tempo de D'Aguerre. Essa alteração da realidade na imagem sempre existiu de uma forma ou de outra. Seja cinema TV ou fotografia. E nada me irrita mais do que um filme que abuse dos FXs.

A "culpa" Adobe, que vende programa de edição de imagem a rodo e compra os concorrentes que aparecem com soluções melhores que o seu photoshop. Foi assim com o Ilustrator comprado Aldus, aí ela vendeu o Freehand para a Macromedia, e recomprou todo o pacote Macromedia a alguns anos. Sim a culpa é da Adobe mas a culpa é também nossa que aceitamos essa banalização da inexistencia da individualidade ou diversidade. Então enquanto não começarmos a recusar essa plastificação em benefício do uso da ferramenta para o bem. Acho que o uso dos programas digitais é como energia atômica. Pode ser usado para o bem ou para o mal.

Graças a Deus, Gutemberg, a era da informática e a revolução digital estamos num caminho sem volta. Esses 30 últimos anos são históricos para a humanidade. E daí vão se derivar muitas outras coisa. Eu sinceramente não acho que Mac seja o melhor, ou iphone seja a melhor solução. Mas tem gente que acha e eu respeito. Mas ninguém quer voltar a escrever livros a mão? como em 1400 antes do Gutemberg. Eu acho que esse controle da situação vai ser recuperado. E espero que seja logo.

O uso indiscriminado da edição da imagem na mídia é realmente enfadonho. E criou o efeito paparazzi onde todas as imperfeições do cidadão vira notícia de jornal. Falta de pauta ou pior falta do que fazer, o que dá no mesmo. As tendências digitais criam uma incômoda limitação aos designers que pararam a muito tempo de criar. E agora apenas seguem tendências. O que é engraçado é que os designer que realmente sobresaem hoje são os que saem desse padrão.As agência julgam que o melhor para sua audiência é a reprodução das tendências indeterminadamente. Sem pensar que os usuários já estão cansados de ver as mesmas imagens... Lamentavel... Eu vou começar a criar o meu ativismo Pró melhor uso da imagem humana na mídia. Abaixo o pisca e pula quando eu leio e etc... e você o que pensa? Poxa escrevi muito né... bem acho que a minha verborragia voltou... Feliz Ano Novo

Um comentário:

Rosana O. disse...

Gisele, estava retribuindo a visita e me deparei com esse post. Outro dia conversa com com um parceiro de trabalho, designer novato, muito entusiasmado, e o assunto era exatamente esse. Lendo seu comentário, me lembrei de um professor da faculdade quedizia que milagre não era o que o os programas de edição podem fazer, mas o que papel e lápis, ou caeta fazem, qundo são usados de maneira correta.
beijos!